A Escola e o Bairro

Por que Vila Mariana? O bairro é parte da memória afetiva da diretora, cuja avó morou durante anos na Rua Bagé. O espaço da escola foi escolhido, principalmente, por sua área externa e suas árvores e, também, porque preserva na pequena casa existente, que foi restaurada, a história das residências paulistanas dos anos 1940/50.

A Escola do Bairro revela, portanto, desde o espaço que ocupa até os parceiros com quem trabalha, a história passada, presente e futura de seu bairro, de maneira a servir de fonte de aprendizagem para seus frequentadores. São marcas da história e assim devem ser respeitadas. Os materiais utilizados, as cores, portas e formas de circulação revelam como as pessoas que viveram nesse espaço se relacionavam e poderão vir a se relacionar.

A partir dessa ideia procuramos recuperar essa história de ocupação – em geral existem plantas originais que nos permitem saber onde estiveram as primeiras portas, janelas, paredes, terraços, etc. e tal pois em geral os prédios já devem ter passado por varias reformas antes da nossa. Como consequência, fizemos uma primeira adaptação, buscando adequar os novos usos escolares em função da arquitetura original da casa. Isso significou não fechar portas e janelas, ao contrário, abrir aquelas que haviam sido fechadas em algum momento, mantendo-as em suas posições originais, alargando-as para o lado, para cima ou para baixo, quando necessário. Buscamos, ao mesmo tempo, não ocupar com paredes e fechamentos, ao contrario, quando necessário, ampliamos um espaço externo e paredes foram demolidas, mas buscamos manter rastros de sua existência, por exemplo, diferenciando o tipo de piso ou teto.

Por outro lado, compreender que os espaços, também, representam uma forma de educar pelo olhar, pela ocupação, pelos encontros que possibilita. Associada ao clima tropical, quente e úmido, nossa escola pressupõe que se aprende tanto em espaços internos como ao ar livre. Isso fez com que buscássemos referências na arquitetura brasileira rural, com seus elementos vazados, janelas amplas, portas de correr e varandas que criam uma transição entre o interior e o exterior, permitindo que as crianças vivenciem os quatro elementos naturais: Terra, Agua, Ar e Fogo em um contínuo visual, sensitivo e convivial, quando o vento entra na sala por frestas intencionais ou a sombra de uma árvore permite que se conte uma história. Dessa maneira, a pouca natureza presente em um pequeno lote urbano do bairro pode ser vivenciada mais intensamente, quando os espaços de convivência, de brincadeiras e de trabalho podem acontecer contornados por materiais fluidos que permitam integrar o aberto e o fechado, o dentro e o fora tanto objetivo e real – por meio da arquitetura – como o subjetivo que ocorre nas construções internas infantis. Dessa maneira, foram pensadas bancadas molhadas com tanques em todos os espaços internos, assim como se poderá ler, pintar e desenhar nos espaços externos. Portas amplas permitem que pequenos galhos de arvores entrem nas salas, revelando que a natureza e a cultura são obra de um mesmo homem.

A casa é pequena e tivemos a necessidade de construir novos espaços sejam banheiros, cozinha ou novas salas multiuso. Optamos, portanto, pela arquitetura moderna com seus elementos construtivos metálicos e amplos, de forma a marcar o presente com uma nova ocupação.

Que nossa escola possa transformar-se em mais um espaço de convivência para o bairro. Estamos de portas abertas!

O Bairro e a Escola

A Escola do Bairro toma emprestado de sua concepção o seu nome, ou seja, o Bairro é ao mesmo tempo nome e conceito que sustenta a escola experimental das e para as infâncias que pretende tornar-se. O território do bairro, para nós, é um equipamento urbano de convivência, difusão e sistematização dos conhecimentos históricos e universalmente construídos, que pode incluir os bebês e as crianças na cultura geral humana por meio das ferramentas sociais, emocionais e cognitivas disponíveis e apropriadas.

Para responder às necessidades de ensino e aprendizagem dos tempos atuais e com vista à formação plena da cidadania, do protagonismo e da inclusão escolar e social, a Escola do Bairro considera os equipamentos urbanos de seu entorno como uma extensão da própria escola, pretendendo trabalhar colaborativamente com alguns deles de maneira a dar significado às aprendizagens e ao ensino de nossos futuros alunos.

Planejamos possibilitar o uso de espaços públicos e privados, considerados como extensão escolar, por meio de visitas e formalização de parcerias ou convênios, quando necessário, tendo em vista que a Vila Mariana e seu entorno constituem-se em uma região bem servida nesse sentido, tais como a Cinemateca de São Paulo, o Parque do Ibirapuera, o Museu de Arte Contemporânea da USP, o SESC e muito mais, além de atividades e exposições temporárias.

Confira: